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segunda-feira, 28 de julho de 2008

1989


A nênia vibra com a minha morte
enquanto sofre, pasmadamente, minh'alma
distorcida pela vontade de voltar sem poder,
pois a carne dói a cada instante.

No velório não há café, nem croissant;
talvez aquela insanidade sonhada com vermes,
impregnando o interior dos tecidos.
Talvez algum Johnny Walker ou Martine Rose.

Apodrecendo as energias consumidas,
fazendo morrerem-se, degradarem-se;
e tudo que sentia era a sinfonia do enterro,
pulsando em cada ventre miserável.

Meus sonhos não se encaixam ao prêt-à-porter,
já os pesadelos, são veste constante:
são puros de naturalidade vil para entristecer
são mais que compilantes vômitos indigestivos.

É a melodia dos enterros eternos,
na desistência desfraldada, na agonia;
durante o desfecho das relações ida-vinda
de uma alma que, ser, ambiciona renascida.


Junior Magrafil (16-07-2008)
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Ali na esquina


Tem dias em que eu acredito
que o que sinto é mais do que sou
Porque vem você me dizendo o amor,
cantando teus lábios no meu ouvido.

Mexendo com minha memória canalha,
sem saber direito o que eu via ou não.
Não posso arbitrar tuas ações com as minhas,
mas, guardar tuas palavras em minha vida.

Tuas lembranças correm em minhas veias
e choro por dentro como criança.
Tuas dores, culpas minhas, eu sei;
também senti, mas preciso voltar.

O que eu quero não sei se me vale,
mas preciso que você me acabe
essa dúvida, esse lamento, meu bem;
essa dor de não saber se ainda me quer.

Volta aqui! Curva ali na esquina,
estou esperando para comentar contigo os dias
que andei de mãos dadas só com o pensamento,
tentando suprir tua falta, tua rotina.


Junior Magrafil (30-06-2008)
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sábado, 12 de julho de 2008

Por amor


Num líquido disperso;
numa agonia espalhada,
imerso.
Deixo-me apodrecerem as horas,
os dias, os anos.
Deixo-me doerem as carnes mortas,
sensíveis a navalhadas
gri-tan-tes!
Deixo putrefarem-se as cerâmicas
da minha vida de nogueira,
que somente minha carne insana,
sensível e morta;
defunta e doída;
pode merecer-se.
A ninguém mais,
porque só o que sabem de mim
são os erros;
porque só o que crêem de mim,
são os vacilos;
porque a vida dos outros eu não julgo.
Por que a minha é ré?
Com isso eu não lido.
E se, ainda, alguém a ela merecer,
que o faça de repente;
que o faça pelo que jamais me ensinaram,
pelo que jamais me doaram:
que o faça por amor;
que o faça por amor.


Junior Magrafil (11-07-2008)
 

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