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terça-feira, 6 de outubro de 2015



Faz tempo

Faz tempo, não escrevo.
Faz dias que não vejo o espelho;
refrato e não reflito,
desejo e não prossigo,
olho e não enxergo.

Há anos, não respiro.
Faz meses que só sinto esse calor;
durmo e não descanso,
acordo e não levanto,
sonho e não realizo.

Faz séculos, não canto.
Faz dezenas que não me escuto, não!
Viajo e fico aqui,
em par e não consigo
limpar esse meu rosto.

Pois cante! Dance!
Exalte esse coro,
não fuja dessa vida
que só quer te beijar,
só quer te beijar.
E beija!
E beija.
Faz tempo!


Teresina,

Junior Magrafil (06-10-2015).
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A dança

Anjo infante e doce,
teu sorriso acompanha brio
mesmo embaixo do sol médio;
enquanto sutilmente te observo
a boca, o corpo, os olhos dançam.

Tudo em ti é precoce,
qualquer palavra eu olho e rio,
qualquer sussurro me tira o tédio
e gosta e se alegra com o que reservo;
é movimento, é paz dos que amam.

Mas, isso tudo é agridoce.
Anjo meu, penso muito nesse trio
que se arranjou num tempo incerto,
embora o drama a que somos servos
é dúvida, é certeza dos que bailam.

É receita que descobrimos aos poucos,
nos rendemos quase como versos
e há amor; há dum jeito leve,
recente, delicado e pérfido.


Teresina,

Junior Magrafil (24-12-2014).
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quarta-feira, 17 de junho de 2015



Aproveite

Se há alguém que você ama
aproveite cada segundo,
inclusive os ruins:
tire deles cada sumo,
cada leite que da pedra
há de surgir.

Se você ama, ame,
pois quando perceber
já será meia noite,
o Natal já passou,
bodas de ferro, perfume, lã.

Quando se vê,
já pode nem mais haver
tanto amor assim.


Teresina,
Junior Magrafil (04-09-2013).
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O efeito sobre mim

Mesmo que eu não queira,
teu sentido me alimenta
enquanto sou incertezas
nessa vida estagnada.

Teu rosto se repete na rua,
a voz ecoa por dentro de mim.
Quando longe, me fascino e,
perto, ainda mais é delírio.

É um efeito natural,
biologicamente sedutor.


Junior Magrafil,
Teresina (15-05-2014)
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sábado, 6 de junho de 2015



Momento

Sabes, por acaso, o que é o acaso?
Surge uma pessoa,
surgem pessoas,
e destas, aquela.
O que os olhos veem de longe,
o que, depois, as bocas desenham,
o que o cheiro começa a conversar
com o peito aberto de esplendor?
Foi o acaso que touxe?
Foi o frescor daquela tela?
Foi o aroma daquelas curvas?
Talvez o embalo daquele momento,
a música ressonante no crepúsculo
somado à cor, ao desejo, à imensidão,
à paz e a tudo que não se sabe pronunciar.

Sabes, o que vem depois, Acaso?
Sabes o que me trouxeste?
Mas sabes, sim, que quando cativas
és o mais responsável pelos amores
– e pelas dores.


Teresina,
Junior Magrafil (02-06-2015)
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sexta-feira, 5 de junho de 2015



Ilusão

A conheceu B.
Evolveram-se, namoraram,
até moraram juntos.
Como separar quando
há amor e ódio;
quando sabem que não se amam
e em outro segundo
parece o contrário?

Houve um tempo em que
pararam de sorrir juntos,
não se beijavam mais,
não se tocavam, não se olhavam,
nem mesmo dormiam juntos.
Mesmo teto, mas duas vidas
totalmente separadas.

Quando perceberam,
já havia se passado meio século,
a juventude passara,
e duas vidas inteiras perdidas.


Teresina,
Junior Magrafil (11-03-2015)
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Regurgito

De nada serve
a tua selvagem
ousadia.

Em nada cresce
o teu torpor
demoníaco.

Por nada eu quero
afogar-me neste
domínio.

Felicidade jamais
resiste a tal
sufrágio.


Teresina,
Junior Magrafil (02-05-2014)
 

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