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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Enquanto bebia


Bebo quando o prazer insiste,
debanda os altos da mente,
explora a alma,
supra o que me falta.

O álcool que enche as veias,
ultrapassa a massa cinzenta
e diz coisas;
e ri das minhas coisas.

Copos vindo e secando,
gente com a aura destorcida,
mutilações constantes
e bolhas subindo:
é um vício.


Junior Magrafil (29-02-2008)
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A Dor


A dor amortece as lágrimas,
petrifica os sonhos,
decompõe as almas,
unifica os sentidos;
virando Morte,
virando escória,
secando a carne,
apodrecendo o Amor.
A dor não sabe sorrir,
não sabe chorar,
não sente nada,
é indiferente,
é imortal,
e é mutante;
transpira na pele,
rasgando os pêlos,
queimando os desejos,
degenerando o tato.
A dor é inocente e culpada,
ao mesmo tempo;
ela não tem fala,
espanca com a mudez,
como um vento quente
na face.
Ela não trai:
é a própria traição.
Ela é o “não”
de quando devia ser “sim”.


Junior Magrafil.
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sábado, 5 de abril de 2008

Segunda visão do Epitáfio


Devia ter feito rir quem não fiz.
Devia ter rido com quem não ri,
ter chorado com quem não chorei;

Ah, eu devia!
Devia, sim – precisava, inda mais – falar com quem não falei,
visitar; ver as pessoas que sinto falta e não olhei.

Devia ter participado dos momentos oportunos.
Ter visto raiar o dia, cair a noite,
sentir a brisa em meu rosto no fim da noite.

Devia ter me atentado aos detalhes, ao simples detalhes que não vi.
Devia ter amado muito mais,
ter aceitado cada um com seu jeito.
Devia simplesmente ter aceitado.

Deveria ter feito minhas vontades.
Andar sem me preocupar em cair,
de vez em quando, andar sem saber pra onde ir.
Que pena que nada disso eu fiz,

Agora já é tarde!
Não posso mais voltar à raiz,
pois o tempo não volta e nem pára,
nem se a partir daqui eu passar a sorrir.



Junior Magrafil (em 08-06-2006)
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terça-feira, 1 de abril de 2008

Da noite inteira ao dia


O mais belo que sinto
são teus lábios calados,
silenciosos e demorados;
e um cheiro ofegante na carne.
Teu corpo leve e liso
e calmo e ativo e palpitante.
Teus olhos me olhando;
meus olhos te secando;
nossas almas beijando,
nossas pernas entrecruzando-se,
nossos punhos cantando,
passeando, roçando,
da noite inteira ao dia,
em corpos que nasciam agora.



Junior Magrafil
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Ponteiros imortais


Imortalizou em mim,
no meu ínterim,
no meu ser.
Não sei em que acreditar,
mas sei que não preciso saber.
Sinto o que preciso sentir;
vejo o que preciso ver.
Caso o sonho com o prazer,
que, mesmo longe, é perto pra mim.
Ganhei um dia.
Só um dia.
Só o necessário pra nascer
o meu melhor.
Veio no momento certo,
tão preciso e tão completo,
que já era ilimitado;
sem medidas:
a zero grau.
Dois ponteiros sonhadores,
brincando num relógio sem tempo,
em horas que corriam sem medo,
com mãos que esqueciam o errado
– de todos, do mundo.
Nunca vai morrer.
O imortal quis me dizer
que aqueles ponteiros vão renascer
juntos, outra vez:
juntos.


Junior Magrafil (em 20-02-2008)
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Mãe, reza


Mãe, reza pra mim?
Reza qu’eu consiga jasmim
nessa terra quase sufocada – e seca –
[reza por mim]
nesse solo desolado – e negro –
turvo – como a noite?
[reza pra mim]
Onde as trevas querem porque querem,
mas, sei qu’inda chega o dia, não resistirão?

Mãe, faz como sempre,
na praxe de tão boa companhia,
que enaltece minha serventia, ao todo?
Reza qu’eu sirva de exemplo;
reza qu’ia fé vem ao teu colo
e muda o mundo turvo e seco.



Junior Magrafil (em 08.11.2006)
 

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