Vacas "in midnight"
Andarilhos passando pelo centro da cidade à altura da meia-noite. A Matriz, o Cristo, os casarões antigos, inclusive o Calçadão Afonso Cunha (ruela mais popular). Esta insone cidade flagra por suas madrugadas passeios de grupos de ruminantes famintos, ávidos pela carniça do lixo cotidiano, pela podridão vegetal excretada pelos cidadãos. Esses bois e vacas e bezerros e seus olhos cortantes e chifres desafiadores e fungar redondo, andam em meio à urbanidade de Caxias, circulam destoados como deuses indianos donos do asfalto, das luzes, dos prédios. A lua pulsando cores alaranjadas desenha a silhueta destes seres quadrúpedes inocentemente transeuntes da meia-noite. Só nos resta, então, as perguntas: de onde vêm? Para onde vão? E assim, respirando o frio do breu, deixam todos os dias seus insolúveis vestígios espalhados pelo chão.
Caxias,
Junior Magrafil (17-09-2009)
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