quarta-feira, 28 de agosto de 2013



A casa do bicho tímido


Minha casa é das mais antigas:
inflexível, restrita, rude;
embora, ainda, torta, capaz
de raspar a casca agressiva
pelo bem dos pilares
que a mantém de pé.
Suas colunas são várias:
facetas do meu mestre,
humores, temores, seus gestos.
Minha casa abriga bichos:
um touro, uma raposa e algo mais.
A vaidade toma conta da força taurina,
a mesma que mitiga a modéstia
das plumas vermelhas da raposa,
mas o outro bicho,
a besta sem nome, sem rosto,
presa, louca para mostrar-se,
é tímida no grito.
Houve um tempo em que
as pilastras caíram e,
enquanto o touro e a raposa
sufocavam de medo,
o tímido soltou-se,
agarrando-se à última de pé,
levantando as outras,
rebocando a face da casa
com tudo que tinha antes,
limpo, novo.
A casa antiga ainda o era,
mas confiada na última
esperança que tinha
a última pilastra,
tudo se reergueu.


Teresina,

Junior Magrafil (25-07-2012).

0 Comentários:

Postar um comentário

 

Copyright © 2010 .: Permita-se :. Poemas de Magrafil | Design by Junior A. Magrafil