A casa do bicho tímido
Minha casa é das mais antigas:
inflexível, restrita, rude;
embora, ainda, torta, capaz
de raspar a casca agressiva
pelo bem dos pilares
que a mantém de pé.
Suas colunas são várias:
facetas do meu mestre,
humores, temores, seus gestos.
Minha casa abriga bichos:
um touro, uma raposa e algo mais.
A vaidade toma conta da força taurina,
a mesma que mitiga a modéstia
das plumas vermelhas da raposa,
mas o outro bicho,
a besta sem nome, sem rosto,
presa, louca para mostrar-se,
é tímida no grito.
Houve um tempo em que
as pilastras caíram e,
enquanto o touro e a raposa
sufocavam de medo,
o tímido soltou-se,
agarrando-se à última de pé,
levantando as outras,
rebocando a face da casa
com tudo que tinha antes,
limpo, novo.
A casa antiga ainda o era,
mas confiada na última
esperança que tinha
a última pilastra,
tudo se reergueu.
Teresina,
Junior Magrafil (25-07-2012).
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