quinta-feira, 23 de setembro de 2010


O filme perdido


Ele não sabia que vivia sozinho,
mas um dia o olhou e viu que esteve mesmo;
e pensou não estar mais.
Ele correu para o encontro,
beijou e foi beijado
tão intenso que a noção foi perdida
aquela noite.

Depois disso, aquela noite se repetia,
seu peito filmou tudo – replay.
Porém, o vídeo fazia mais sentido
só como vídeo.
As fotografias faziam mais sentido
só como fotografias.

A solidão gostava tanto dele
que não deixava
o amor dele contaminar o outro:
aprisionava, mantinha só.
Nem a empatia atingia o outro.
O vídeo preferido que a solidão mostrava
só para o coração daquele,
se perdeu.
De tanto o filme se repetir,
ele ralou, quebrou, parou de rodar.


Caxias,
Junior Magrafil (2707-2010).

0 Comentários:

Postar um comentário

 

Copyright © 2010 .: Permita-se :. Poemas de Magrafil | Design by Junior A. Magrafil