sábado, 4 de julho de 2009
Escrito por*Junior A. Magrafil
Zé
Vi de longe Zé Dummont
Sentado num cimento alto,
Calçada que tomou pra si
Como casa, como abrigo sem abrigo.
Vi Zé Dummont
Comendo manga e desfiando a casca,
Molhando as mãos na mesma poça que pisava:
Parecia menino que não dava importância
Às regras da vida,
Da convivência humana
Ele ria sozinho, falava sozinho;
não sei, talvez pensasse com a natureza.
Dormia num colchão moribundo,
Usando roupas moribundas
Lambendo as mãos sujas de manga
– moribundas.
Mantendo o corpo arredio de limpeza
– e a mente.
Pedras eram móveis;
Latas, panelas nobres;
Cobertor, um rude aquecedor
Em dias de chuva intensa.
Sua natureza humana confundia-se
Com a realidade dos animais:
Os bois pastorando as cascas de manga
Comendo do que comia o Zé,
Bebendo do que bebia o Zé,
Andando por onde andava o Zé.
Junior Magrafil (14-01-2009)
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