domingo, 18 de abril de 2010


Ela e o medo


Ela passava dias e dias acorrentada à cama
com medo de rever o mundo,
acreditando que todo mundo
sofria menos que ela, ou vivia mais.
Mas a verdade é que quando menos esperamos
nossos sonos são invadidos
e o pecado acontece.
E o medo natural ao invés de perecer,
cresce.
Ela, então, continuava a vegetação rotineira,
mal-amada; seus calos duros
– tudo fruto do tal medo.
Por que ele haveria de fazer
tanta moléstia a esta senhorita?
Acredita-se que, passados tantos anos,
e aquela casa fechada
e mofos circundando-a
e frestas rasurando as paredes
e paisagem soturna de longe
e ainda mais lúgubre de perto,
que seu corpo feneceu de tanto medo
– que este medo tornou-a eterna
pela certeza de jamais conhecer o outro lado,
de jamais conhecer o fim.


Caxias, 15-12-2009,
Junior Magrafil.

2 Comentários:

Andarilho disse...

Conheço pessoas (várias) desse jeito... tem medo de viver... vegeta, não tem opinião por medo. Gostei muito do blog, da idéia dele.

Zau disse...

Eu teria medo apenas de nunca conhecer o fim. Que seria uma comédia românctica sem um fim? Ou mesmo filmes sem final feliz, mas que acabam.
Um medo natural, que só pioramos. A tal da depressão, a tal da maldita.

http://fobsocial.blogspot.com

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