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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

300 vezes mais


Sou feito do que há de mais belo e mais profano na vida...
Meus desejos são exilados pelos mudos,
porque os mudos são os que desejam sem se aventurar,
porque, no fundo, existem seus desejos,
mas como o medo é maior, não o buscam.
Os mudos são tristes,
os mudos acham-se de certos,
os mudos acham-se de completos.
Mas eu? Eu sou o grito!
Eu sou o que sente o bem e o mal juntos
numa sinfonia bela,
porque, por dentro, sou bondade, temperança, evolução;
por fora, mostro a carne podre do ser inconstante
que desagrada aos seus criadores mudos.
Mas sou feliz por ser dois,
por poder ser três, até mesmo trezentos num só.
Porque se não posso viver trezentas vezes;
que eu seja isso e muito mais
numa só vida dura, e simplesmente.


Junior Magrafil (23-12-2008)
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nada além


Por que nasci? Por que estou aqui?
Por que fugi?
Desisti de tudo antes do final natural.
Escrevia pra não sentir a durmência da dor.
poesias de uma vida que sequer começou.
Seria normal pensar num suicídio perfeito
se não fosse tão impossível chegar a isso, porque é.
Meu sorriso era amargo como uma foto em sépia
e meus olhos, vermelho-sangue, uma idéia:
Cortei meus pulsos, logo depois de um banho insensível,
deitado com o corpo desmanchado no chão
e as águas levando meu sangue
me limpando, me dissipando, me despindo,
carregando a vida que nunca quis.
Lágrimas escorriam juntando-se às águas do chuveiro ardente.
Tudo era triste e sufocante.
Antes de morrer eu deixei escrito um pedido,
que minhas palavras fúteis e poéticas
fossem publicadas para que todos soubessem.
Deixei a frase:
"Não queria nada além de ser feliz."


Junior Mahgrafil (17-06-2007)
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Amor phodástiko


Era uma história impossível
cheia de desencontros, choros e risos.
Nos encontramos em meio a uma avenida
e passavam rápido as horas, o dia.
Por dentro eu explodia,
mal sabia como reagir.
E quando penso em você
sinto cheiro de churros.
Penso em nossa vida
como um álbum de fotos perfeitas.
Feito aquelas que você me mostrou
nos outdoors da avenida.
Não te quero mais longe ainda,
olha bem ao seu lado,
talvez o meu tempo seja a saída.
Presta atenção, olha bem ao seu lado,
você não foi só uma simples brisa.
Não passou, simplesmente.

Essa história vai virar música,
com os acordes desse amor perfeito.
Isso tem que virar música,
é a criança mais linda que vi chorar.


Sentados olhando um ao outro,
comendo um pouco do que sobrou de mim,
sempre vou lembrar desse momento,
e vi que lamento, não sou capaz de presumir.
A minha felicidade tem o mesmo tempo
da duração do seu sorriso,
e é o tempo mais preciso
que meus olhos viveram.
E só desejo que seja mais
que um sorriso abstrato;
leve, solto e calmo,
como aquele boneco da vitrina.
Aquele que riu pra mim
desde quando fitei nos olhos imóveis,
desde a primeira vez que o vi.
Esse rosto que quero apertar,
marcado por fantasmas insistentes,
deixa que eu sei assustar.
Como um cachorro sem medo,
eu também sei mostrar meus dentes.
Só quero ser seu pateta preferido.

Essa história vai virar música,
com os acordes desse amor perfeito.
Isso tem que virar música,
é a criança mais linda que vi chorar.



Junior Mahgrafil (indefinido)
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Dias de recomeço


...e milhares de vezes eu recomeço;
Mundo da máquina
é puro retalho
...e esboço.
Mundo em chamas,
por que ainda te chamam, retalho?
Casa de todos nós:
orfanato de choros
em pães-de-ló
...em pó.
Mundo das lágrimas:
correm nas faces
como fossem dos céus.
Felicidade com lábios cor de mel;
Promessa do amor a cada verão;
profecias de choros que se vão.
O tempo parece congelado, não parece?
Cheio de risos calados
fora dos paredões eletrificados.
Mas o sonho se faz acordado,
e mesmo nadando sem direção
é possível, eu sei que é possível:
esperança entre o sim e o não,
uma certeza entre o certo e o vão.


Junior Mahgrafil (06-05-2007)
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Por um instante


Senti, senti que foi um momento,
só um instante de ilusão.
Falsas promessas,
sonhos impossíveis,
que para mim não pareciam.
Mas agora?
Me fazem parar de crer que existe o amor
fazem parar de eu ser um sonhador,
fazem parar, fazem parar.

Não quero pôr em contas
tudo que você me fez.
Apesar de tanto que eu sofri por você.


Senti, senti que foi um momento,
só um instante de ilusão.
Belas palavras,
você dizia.
Só que agora são meras lembranças.
Teve a chance
de me fazer acreditar que existe o amor
me fazer pensar em ser seu único,
fazer pensar, fazer pensar.


Junior Mahgrafil (01-08-2007)
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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Praia e maré


Noite; lua; maré; cheia; brisa;
toda a aura do romantismo na praia
destinavam nossas preces à companhia.
De como entender aquele instante?
Enquanto sentia teu cabelo, tateando,
percebia, então, em você o meu Refúgio,
fortaleza serena em tuas mãos;
porque entre as pausas de segundos pra lua,
outros para o mar e o sentir da brisa,
vinha você tatuar frases em nossa história,
me ensinar que nem é fácil nem manso viver.
Mas que o amor incide em nossas vidas,
que quando passo minhas mãos em teu rosto,
olho pra dentro de mim e vejo fogos de artifício,
pintando o céu de um revellion colorido e feliz.
Já depois, o sol clareando a areia e o calor,
você desenhava com o dedo meu nome,
registrava sorrisos em fotos,
confessávamos sentimentos que não esqueço,
acabamos inundando os pés com o mar
e ali, de mãos dadas, nos beijamos.
Manhã; sol; maré; brisa; ps.: te amo.


Junior Mahgrafil (26-10-2008)
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segunda-feira, 28 de julho de 2008

1989


A nênia vibra com a minha morte
enquanto sofre, pasmadamente, minh'alma
distorcida pela vontade de voltar sem poder,
pois a carne dói a cada instante.

No velório não há café, nem croissant;
talvez aquela insanidade sonhada com vermes,
impregnando o interior dos tecidos.
Talvez algum Johnny Walker ou Martine Rose.

Apodrecendo as energias consumidas,
fazendo morrerem-se, degradarem-se;
e tudo que sentia era a sinfonia do enterro,
pulsando em cada ventre miserável.

Meus sonhos não se encaixam ao prêt-à-porter,
já os pesadelos, são veste constante:
são puros de naturalidade vil para entristecer
são mais que compilantes vômitos indigestivos.

É a melodia dos enterros eternos,
na desistência desfraldada, na agonia;
durante o desfecho das relações ida-vinda
de uma alma que, ser, ambiciona renascida.


Junior Magrafil (16-07-2008)
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Ali na esquina


Tem dias em que eu acredito
que o que sinto é mais do que sou
Porque vem você me dizendo o amor,
cantando teus lábios no meu ouvido.

Mexendo com minha memória canalha,
sem saber direito o que eu via ou não.
Não posso arbitrar tuas ações com as minhas,
mas, guardar tuas palavras em minha vida.

Tuas lembranças correm em minhas veias
e choro por dentro como criança.
Tuas dores, culpas minhas, eu sei;
também senti, mas preciso voltar.

O que eu quero não sei se me vale,
mas preciso que você me acabe
essa dúvida, esse lamento, meu bem;
essa dor de não saber se ainda me quer.

Volta aqui! Curva ali na esquina,
estou esperando para comentar contigo os dias
que andei de mãos dadas só com o pensamento,
tentando suprir tua falta, tua rotina.


Junior Magrafil (30-06-2008)
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sábado, 12 de julho de 2008

Por amor


Num líquido disperso;
numa agonia espalhada,
imerso.
Deixo-me apodrecerem as horas,
os dias, os anos.
Deixo-me doerem as carnes mortas,
sensíveis a navalhadas
gri-tan-tes!
Deixo putrefarem-se as cerâmicas
da minha vida de nogueira,
que somente minha carne insana,
sensível e morta;
defunta e doída;
pode merecer-se.
A ninguém mais,
porque só o que sabem de mim
são os erros;
porque só o que crêem de mim,
são os vacilos;
porque a vida dos outros eu não julgo.
Por que a minha é ré?
Com isso eu não lido.
E se, ainda, alguém a ela merecer,
que o faça de repente;
que o faça pelo que jamais me ensinaram,
pelo que jamais me doaram:
que o faça por amor;
que o faça por amor.


Junior Magrafil (11-07-2008)
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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Maria, Mulher-Bittencourt


Vi-te somente por vista:
naquelas vias,
naqueles dias;
de um tempo ainda a te conhecer.

Vi-te, logo, como mestre:
perante mim;
correndo continuamente;
nos sentimentos que lia em aula.

Depois te vi confreira:
quando caminhos cruzados;
quando escrevemos a história.

Então, vi-te como amiga:
ditosa razão, felizes momentos;
feliz também é o tempo de rir contigo.

Maria, Mulher-Bittencourt:
nomeada mãe já no gomo,
mais tarde, fortaleza femínea.


Junior Magrafil (09-05-2008)
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A flor


Não temas, nossa grande flor:
és a razão da vida!
Vale dizer que quando do início,
do broto,
desde lá já cuidas das feridas,
já abraças a existência querida
de tudo que há, e que não há.
Carregas no peito toda dor,
enfrentas teus tropeços com amor,
e vale ainda, que mesmo no fim,
ri com teus filhos;
canta para encantá-los
e guarda com fervor
a vida de cada um.
Como um anjo que guia à noite,
penetra nos corações e na mente
e transborda de alegria,
todo o resto e toda gente.


Junior Magrafil (03-05-2008)
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Guarda-chuva


Cheguei, bem-vindo; e que não fui
àquele destino de praxe que me influi.
Me via completo aos teus beijos, desejo;
me sinto repleto ao teu lado, contigo.

Tua companhia: me faz tão bem.
E mesmo debaixo do teu guarda-chuva;
ela passando, pegando e molhando, às vezes;
me sinto seguro pois gosto de ti.

A chuva uniu nossos jovens espíritos,
e a beleza de tudo ficou em nossos sorrisos,
porque é quando confirmo teu carinho,
e é justamente o caminho que eu preciso.

Admiro teus olhos tímidos e calados;
eles me mostram o sentido do desconhecido;
às vezes com medo cogito: será que quer comigo?
Não sei no que penso, mas penso no que preciso.


Junior Magrafil (10-04-2008)
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domingo, 1 de junho de 2008

O amor é vagabundo


O amor é vagabundo!
Volta e meia promete mundos,
e lá depois corre na face
[o desespero.]
É comum, é natural;
sofrer por quem se ama,
a toda hora o peito inflama.

O amor? É vagabundo.
De certo, ri dos moribundos,
e cá penso no que ainda tece.
[Oh! Desespero!]
Triste fim, é bem banal;
tudo vai pra lama;
história juntos – um dia – erma.

O amor é vagabundo?
Seu princípio é bem profundo,
mas como tudo, não enrijece,
[Ó, Desespero.]
Clamo-te! Isso é real?
Mas vida de quem não ama
é vida pobre, vulnerável, uma rama.


Junior Magrafil (10-10-2007)
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Minha gravidez

Acreditava em feijõezinhos,
plantados em barrigas maternas perfeitas.
Acreditava que cresceriam e seriam paz
– um dia;
Que seriam uma nova humanidade,
um novo prazer comunitário.
Acreditei que fosse possível,
não tão difícil, a metamorfose.
Mas não é.
Cheguei a crer que meu mundo era completo;
pensei que minha infância,
de nariz de palhaço, de colégios privados,
de amor familiar, de proteção,
de tudo que qualquer um quisesse,
fosse verdade absoluta.
Não existe nada absoluto!
Só a afirmação proferida.
Então vi que não fui um feijão,
mas uma fava, lentilha, ou qualquer transgênico.
Minha gravidez foi tez e límpida,
com desejos escamoteados futuros,
tristemente indesejados.
Transgênico que não floresce e não morre
– que pena...


Junior Magrafil (16-03-2008)
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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Enquanto bebia


Bebo quando o prazer insiste,
debanda os altos da mente,
explora a alma,
supra o que me falta.

O álcool que enche as veias,
ultrapassa a massa cinzenta
e diz coisas;
e ri das minhas coisas.

Copos vindo e secando,
gente com a aura destorcida,
mutilações constantes
e bolhas subindo:
é um vício.


Junior Magrafil (29-02-2008)
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A Dor


A dor amortece as lágrimas,
petrifica os sonhos,
decompõe as almas,
unifica os sentidos;
virando Morte,
virando escória,
secando a carne,
apodrecendo o Amor.
A dor não sabe sorrir,
não sabe chorar,
não sente nada,
é indiferente,
é imortal,
e é mutante;
transpira na pele,
rasgando os pêlos,
queimando os desejos,
degenerando o tato.
A dor é inocente e culpada,
ao mesmo tempo;
ela não tem fala,
espanca com a mudez,
como um vento quente
na face.
Ela não trai:
é a própria traição.
Ela é o “não”
de quando devia ser “sim”.


Junior Magrafil.
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sábado, 5 de abril de 2008

Segunda visão do Epitáfio


Devia ter feito rir quem não fiz.
Devia ter rido com quem não ri,
ter chorado com quem não chorei;

Ah, eu devia!
Devia, sim – precisava, inda mais – falar com quem não falei,
visitar; ver as pessoas que sinto falta e não olhei.

Devia ter participado dos momentos oportunos.
Ter visto raiar o dia, cair a noite,
sentir a brisa em meu rosto no fim da noite.

Devia ter me atentado aos detalhes, ao simples detalhes que não vi.
Devia ter amado muito mais,
ter aceitado cada um com seu jeito.
Devia simplesmente ter aceitado.

Deveria ter feito minhas vontades.
Andar sem me preocupar em cair,
de vez em quando, andar sem saber pra onde ir.
Que pena que nada disso eu fiz,

Agora já é tarde!
Não posso mais voltar à raiz,
pois o tempo não volta e nem pára,
nem se a partir daqui eu passar a sorrir.



Junior Magrafil (em 08-06-2006)
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terça-feira, 1 de abril de 2008

Da noite inteira ao dia


O mais belo que sinto
são teus lábios calados,
silenciosos e demorados;
e um cheiro ofegante na carne.
Teu corpo leve e liso
e calmo e ativo e palpitante.
Teus olhos me olhando;
meus olhos te secando;
nossas almas beijando,
nossas pernas entrecruzando-se,
nossos punhos cantando,
passeando, roçando,
da noite inteira ao dia,
em corpos que nasciam agora.



Junior Magrafil
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Ponteiros imortais


Imortalizou em mim,
no meu ínterim,
no meu ser.
Não sei em que acreditar,
mas sei que não preciso saber.
Sinto o que preciso sentir;
vejo o que preciso ver.
Caso o sonho com o prazer,
que, mesmo longe, é perto pra mim.
Ganhei um dia.
Só um dia.
Só o necessário pra nascer
o meu melhor.
Veio no momento certo,
tão preciso e tão completo,
que já era ilimitado;
sem medidas:
a zero grau.
Dois ponteiros sonhadores,
brincando num relógio sem tempo,
em horas que corriam sem medo,
com mãos que esqueciam o errado
– de todos, do mundo.
Nunca vai morrer.
O imortal quis me dizer
que aqueles ponteiros vão renascer
juntos, outra vez:
juntos.


Junior Magrafil (em 20-02-2008)
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Mãe, reza


Mãe, reza pra mim?
Reza qu’eu consiga jasmim
nessa terra quase sufocada – e seca –
[reza por mim]
nesse solo desolado – e negro –
turvo – como a noite?
[reza pra mim]
Onde as trevas querem porque querem,
mas, sei qu’inda chega o dia, não resistirão?

Mãe, faz como sempre,
na praxe de tão boa companhia,
que enaltece minha serventia, ao todo?
Reza qu’eu sirva de exemplo;
reza qu’ia fé vem ao teu colo
e muda o mundo turvo e seco.



Junior Magrafil (em 08.11.2006)
 

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