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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


Os pássaros da meia noite


Os tempos mudam, as eras passam,
e mais uma história vem pra ser contada.
É assim a toda hora, a cada instante;
ao mínimo segundo de uma ultrapassagem.
Não mais que o ontem, que um dia já foi,
nem menos que o porvir – quem sabe venha.
Instante incerto que, por hora, se exalta;
momento único que a mente exala.
De abraços em abraços, beijos em beijos,
esse período que inspira a todos nós.
Espalha! Alastra todo o sentimento nobre,
revoga os tempos de angústia e mágoa,
degrada as reles e falsas emoções.
Não há falsos encantos numa virada de ano,
pois é uma nova esperança de dias gratos:
o branco da paz que todos tomam pra si,
como um oráculo, como uma imagem,
um eco que ressoa no fundo e belo da alma.
Somos transeuntes em busca do equilíbrio da meia-noite;
na passagem, de mãos dadas, andando pra longe.
Somos pássaros libertos à luz do luar,
alimentados pela luz que está chegando.
Paz e bem, desejando a cada um, a cada ser, a cada alma,
e que o riso não se cale, e que o Amor deixe um gérmen.


Caxias, 20-12-2007.
Junior Magrafil.
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Se aqui nevasse


Noite calma e os sinos tocam:
Os senhores, as beatas, as crianças;
os tambores, serenatas, as guirlandas.
Tudo é belo.

Aqui em baixo, brilham as luzinhas do Natal,
lá em cima, estrelas incendeiam o coração,
mais que tudo, dão vontade à união.
Tudo é belo.

Cantam as crianças, os corais vermelhos:
espalham cantigas de paz e de verdade,
mais que tudo, abrem risos na cidade.
Tudo é belo.

Se aqui nevasse, um branco Natal seria,
mas é colorido, com a cor de cada um:
com cada abraço e alegria, se faz mais um.
Tudo é tão belo.

E as felicidades são trocadas, e os presentes;
Reina a fé, tomam café, e ceiam juntos;
em família, em amigos, em amores – juntos.
Tudo, então, é belo.


Caxias, 20-12-2007.
Junior Magrafil.
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domingo, 27 de dezembro de 2009




Vende-se


Quero entrar no teu vício;
participar intrinsecamente.
Arrependo-me como jamais havia feito,
de não ter escancarado a porta da minha casa,
de ter me calado quando oportuno,
e ter fechado meus ouvidos para teu grito.
Agora sei, agora sei que não posso te deixar assim.
Sabe, minha casa não é minha,
minha chave não é minha,
minha sala-de-estar, minha copa, minha varanda,
meu banheiro, meu closet, meus aposentos.
Nada é meu, nada é meu porque tudo é teu.
Minha morada é tua morada;
talvez agora percebo o quanto não posso te deixar ir;
ou então, vamos vender tudo e correr descalços
unidos por um novo recomeço.


Caxias, 27-12-2009.
Junior Magrafil
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De corpo e cabeça


Acho que sou mais cabeça do que corpo:
corpo tem cabeça,
mas cabeça sem corpo vive,
enquanto corpo sem cabeça, não.
Acho mais digno pensar que fazer:
fazer sem pensar;
pensar e não fazer...
Não, melhor juntar os dois
– porém, com a cabeça.


Caxias, 25-12-2009.
Junior Magrafil.
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O que teríamos


Dou-te as flores que me circundam,
dou-te a paz, a harmonia, o equilíbrio
dum instante ou cousa de viver junto;
dou-te o que jamais ninguém teria,
dou-te, porque nem o sorrir seria tão;
nem o vento, nem um canto, tanto.

Como amar seria um não existir?
Como estar seria um nunca chegar porvir?
Como, e por que não crês?

Dei-te tanto do meu sangue,
dei-te mais que minh’alma,
dei-te e não soube o que era ganhar.
Se cresses simplesmente;
o certo é que teríamos sido,
ao invés de: perdemo-nos as vidas.


Caxias, 26-12-2009.
Junior Magrafil
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sábado, 26 de setembro de 2009

Vez por outra, vejo a prosa altiva
do teu insólito riso.
Diariamente, encontro nos flashes da memória
teu rosto leve, leviano, levado, lascivo.
Corra aos meus braços quando puderes,
pois, sempre o podes: sou teu.
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O melhor lugar do mundo

Quando o “eu” vira “nós” a magia se inicia, um arco-íris brilha a toda manhã até o fim do dia; também, o “nós” se torna “eu” brincando de vai-e-vem por causa do que se sente. Ninguém sabe, ninguém imagina a real profundidade dessas quatro letras formadoras de uma simples palavra até senti-la de verdade. AMOR só se sente uma vez na vida! Vêm paixões, vão paixões, mas aquele amor fica, porque é único, puro, intransferível, imortal. Ele faz surgir textos esplêndidos, canções sensíveis, e lembranças eternas; faz os amantes doerem-se de saudade, perpetuarem os momentos simplórios, paralisarem os segundos, acelerarem as horas, morrerem enquanto vivos e viverem enquanto mortos. O melhor lugar do mundo fica ali, sentado calmamente à sombra da mais bela árvore do campo: a Árvore da vida, porque a vida é o seu amor. Se você tiver muita sorte, se for a pessoa mais sortuda do mundo, vai encontrar amor nos olhos de quem você ama – e te desejo isso. Não é nada bom suspirar por uma pessoa só porque ela vai te dar segurança financeira, ou vai agradar a seus pais e amigos, ou somente porque é a mais bonita do bairro ou mesmo da cidade (pode acabar trazendo junto a mais chata também). Faça-o porque ela é perfeita para você, não é certa nem errada demais, é simplesmente daquele jeitinho inesquecível; depois, como já diz a canção de Milton, “qualquer maneira de amor vale à pena.”

Caxias,
Junior Magrafil (16-01-2008)
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terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Morte
Malvados.com
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sábado, 19 de setembro de 2009

Vacas "in midnight"

Andarilhos passando pelo centro da cidade à altura da meia-noite. A Matriz, o Cristo, os casarões antigos, inclusive o Calçadão Afonso Cunha (ruela mais popular). Esta insone cidade flagra por suas madrugadas passeios de grupos de ruminantes famintos, ávidos pela carniça do lixo cotidiano, pela podridão vegetal excretada pelos cidadãos. Esses bois e vacas e bezerros e seus olhos cortantes e chifres desafiadores e fungar redondo, andam em meio à urbanidade de Caxias, circulam destoados como deuses indianos donos do asfalto, das luzes, dos prédios. A lua pulsando cores alaranjadas desenha a silhueta destes seres quadrúpedes inocentemente transeuntes da meia-noite. Só nos resta, então, as perguntas: de onde vêm? Para onde vão? E assim, respirando o frio do breu, deixam todos os dias seus insolúveis vestígios espalhados pelo chão.

Caxias,
Junior Magrafil (17-09-2009)
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sábado, 22 de agosto de 2009


AmorTecendo

Acontece!
No começo tenso, tece,
quando não,
em mora,
depois namora,
vai embora, mora.
O amor vai tecendo,
enquanto logra
e lembra de quando
a coisa teceu;
logo mais, amortece;
aos poucos fenece
para quando tudo de novo:
embora, vai tecendo;
é o que acontetece.

Caxias,
Junior Magrafil (22-08-2009)
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O vôo dos pombos

O pombo-comum ou pombo-das-rochas (Columba livia) é uma ave columbiforme bastante comum em áreas urbanas. Alimenta-se de sementes, grãos e frutas e, nas cidades, do que estiver disponível nas ruas. Os casais são muitas vezes constantes; o macho faz reverências à fêmea e ambos se acariciam na cabeça com freqüentes arrulhos. Quando a fêmea põe os ovos, estes são chocados por ambos para dar origem a novas crias.
Às vezes penso “o pombo parece comigo – pelo menos um pouco”. Aí lembro que não posso voar tão alto quanto ele, nem escutar tão longe quanto. Mas o importante é que tento, tento ser uma pessoa melhor, tento cuidar da minha fêmea com carinho, vou fazer de tudo pra ser mais compreensivo e acolhedor; gosto de dar presentes bem sutis e simples, sentimentais e eternos, daqueles que puxam a mão da emoção pra convidá-la a flutuar um pouco e deixar a razão brincar sozinha.
Todo mundo sabe que prefiro a cidade (p.s.: com clima de cidade, com jeito de cidade, com tudo o que uma pessoa urbana como eu gosta!), por isso canso de ligar com pessoas pueris (porém com a maldade dos deuses) que me circundam. Aí vou atrás do meu paraíso infernal. Vôo pra lá com minhas pequenas asas em busca do sentimento maior.
Depois de passar uma tarde inteira sem entender meus pensamentos, confuso porque não conseguia enxergar as coisas mais de perto, vi que o melhor mesmo é cuidar da nossa casa.
Sabe o que quero agora? Chocar nossos ovos.


Caxias,
Junior Magrafil (20-08-2009)
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segunda-feira, 17 de agosto de 2009


Vômito e Oásis


Viver nem sempre é o mesmo que estar vivo, assim como acertar não significa estar sempre certo, e errar, permanecer no erro. Sabe quando duvidamos do que claramente não se deveria hesitar? Sei que o mundo dá voltas, e nesses giros acabamos ficando tontos, desorientados em nosso próprio eixo e, no fim, tudo é um vômito descontrolado de palavras, expressões, decisões repentinas. O que num segundo é certo, depois de um vômito displicente torna-se errado; então recuperamos as forças, a ressaca de dor passa, e a vida (essa doida frenética!) mostra que era certo mesmo, que o oásis não era miragem. Tudo o que eu queria era ser feliz (tá, já fiquei até abusado de sempre falar isso, né?). Mas será que é tão fácil passar por cima do acaso? Ele está sempre preparado com uma sacola nas costas (daquelas de Santa Claus, sabe?) prontinho pra oferecer surpresas em nosso caminho. Pular por elas pode causar uma fratura, ou mesmo deixar passar algo bom. O problema é quando a surpresa realmente nos surpreende, nos encanta, envolve tanto quanto um doce deletério. E aí lá vou eu correr atrás do tempo perdido, se é que ainda se pode fazer isso. Às vezes é melhor fazê-lo sutilmente, repensar tudo suavemente, virar o caminho e coletar todas as surpresas que pulamos, esbarramos e que nos trouxeram encanto, para devolver ao acaso. Com calma vou retrilhar meu caminho em busca do meu oásis verdadeiro.


Caxias,
Junior Magrafil (17-08-2009)
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quinta-feira, 6 de agosto de 2009


Uma certa macieira


Quando poderei ser seu?
Quando seremos?
Quantas vezes te disse: me sinto feliz?
No fundo nada disso existe,
porque não consigo me desligar do meu mundo sujo,
cheio de chantagens emocionais,
pessoas egoístas que me criaram.
Criaram para ser perfeito,
mas, na verdade, eu bem sei: não existe perfeição.
É só uma idéia lúdica imprevisível.
Um dia eu pensei que eu fosse forte,
mas a minha fortaleza é apenas um Muro de Berlim.
Eu queria empinar-me numa pipa,
voar nela até chegar a você, sem precisar de atalhos:
um caminho direto, sozinho, sem bloqueios, sem família.
Já andei por tantos lugares,
mas prefiro ficar sentado, parado,
embaixo de uma certa macieira ao seu lado,
sentindo o alívio de sua presença,
porque o céu muda de cor com você,
e eu quero assistir ao espetáculo da mudança com atenção.


Caxias,
Junior Magrafil (19-03-2009)
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terça-feira, 4 de agosto de 2009


Síndrome do Amor eterno

A vida é um turbilhão de situações. Quando menos esperamos somos assassinados por notícias flagelantes, ou ressuscitamos com o toque de um novo amor. Se amamos? Posso falar por mim. Sim, eu sempre amo. Amo com tamanha intensidade e nula precaução, que quando o fim chega, parece que não existe mais nada além. Só a dor. Mas olhe, não é exatamente assim. Amamos durante toda a nossa vida, só o que mudam são os nomes. Hoje pode ser José, amanhã João, depois quem sabe até um Junior da vida, mas quem é que pode saber? Por isso sempre ame, ame com muita intensidade, como se fosse a única vez; ame sendo todo amor; ame como amigo, como amante, como irmão, e, finalmente, como companheiro; no entanto sabendo que, na verdade, não será a única vez...e quando acabar, ame de novo...


Caxias,
Junior Magrafil (04-08-2009)
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segunda-feira, 27 de julho de 2009



Síndrome de Pandora

Esperar não é pra qualquer um e não é bom, nem um pouco. A esperança é uma louca devassa sem pena dos amantes. Ela espera por nós e nós esperamos dela, eternamente. É lindo esperar por alguém e ver que, no final, tudo deu certo. Mas e quando não dá? Esperar dói, cansa, desanima, desanda, desconstrói, humilha, assusta, arrebata. Se é verdade que ela é a última que morre, igualmente é a primeira que mata. Uma amizade de anos, um amor de séculos, uma convivência de tempos. Quando ela acaba, tudo dolorosamente acaba. Por que às vezes chamamos a vida de “projeto de vida”? De projeto ela não tem nada! Não tem nada de concreto, não há certeza, não há estatísticas com margem pra mais ou pra menos. Esperar o incerto da vida é se afogar na ilusão de um apaixonado. Por isso eu digo que “se é verdade que ela [a esperança] é a última que morre, igualmente é a primeira que mata.”


Caxias,
Junior Magrafil (27-07-2009)
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quarta-feira, 22 de julho de 2009


A flor e o Urubu-rei


Por que todos te amam, flor?
Você é tão recatada, tão pura, tão digna assim?
Você é bucólica!
É difícil entender por que os urubus te cercam,
num deleite de que como carniça fosse.
Não seria teu interior, então, o que eles vêem, flor?
Não seria teu passado sujo?
Tua beleza contrapõe as tuas dúvidas;
tua pureza renega o decorrido;
tua franqueza afirma as minhas dores.
Cheio eu de teu cheiro cruzado,
palavras não ditas,
olhares perplexos-paradoxos,
sou combalido apenas
a uma realidade tez em tuas pétalas;
sou o rei deles, pois toco teu aroma, flor.


Caxias,
Junior Magrafil (22-07-2009)
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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cagando

Pode não ser minha especialidade prestar atenção, mas, sim, às vezes presto atenção àquilo que talvez não interesse imediatamente aos outros, isto é, aquilo que geralmente passa despercebido e em que se precisa refletir muito para que se consiga extrair um suco ajuizado ou ainda mais insano que a realidade, ou no fim, até prosaico. Digo isso porque um dia desses eu andava na calçada ao lado do Palácio de Karnak, em Teresina, e, mesmo acompanhado conversando com três amigos, escutei um mendigo dialogando com outros: “- Vou cagar lá dentro do palácio”. Naquele instante, então pensei: “- Que lindo! Ele vai cagar lá dentro”. Putz! Será que ele fez uma crítica construtiva ao Governo? Será que a dirigia a nós? Ou queria só cagar mesmo e eu que fui intrometido no seu diálogo? Ha-hA! Isso me fez pensar se sabemos criticar o Governo, e se sabemos, primeiramente, nos criticar. Nossa, fiquei com vontade de cagar lá também...rs! Mas vou antes ao meu banheiro.


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Junior Magrafil (20-07-2009)
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sexta-feira, 17 de julho de 2009


O bem amado

Olhavam-se pelas veredas da dúvida naquela casa. Havia uma vizinhança obscura, onde duas mentes amadas se amavam e não saíam de seus postos amantes, eram loucas faces em forma de um ser somente que se designava amor. Também dois outros corpos brincavam desnudos, enrolados, de conjunção carnal idêntica, mas podre, no que o onisciente narrador menciona.
Foram dias insólitos passados em meio a tal vizinhança, esbarrando-se às vezes. Um período de teste de conhecimento. Nada melhor do que a convivência para se conhecer a verdade dos fatos, dos atos de cada um. Ela revela o bem e o mal, mas o bem amado também.
- Deixa ver como será.
E foi quando eles se sentiram inerentes, porque os dois lados do sentimento lutavam sem chegar jamais ao fim das batalhas. Vê-se, então, que se nenhum lado pende mais, é porque a lei do equilíbrio estabelece-se aí. Os dias passaram unidos, fazendo coisas inocentes e íntimas.
- Para nós todo o amor do mundo.
Mereciam, e dormiram juntos.
- Pra eles o outro lado.
As coisas vão além do que se vê, e ver quem se quer partir colide as alegrias passadas com as dores; toma o ser de euforia e de esperança.
“- Faz tanta falta o teu amor”, mesmo que se grave os instantes, ou que se olhe as fotografias, as cartas, as declarações de amor.


Caxias,
Junior Magrafil
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A praça

Ele ia pra lá, às vezes pra encontrar com uns amigos, andar ao redor dela, olhar faces alteras, sumir um pouco da agonia caseira, ou simplesmente pra fumar – mas nunca sozinho.
Naquela praça cansada e triste, mas soberba: palmeiras enormes decoradas com a brisa calma do quase deitar solar, bancos distribuídos, muito verde, muita flor, pedras ornamentativas e uma figura solitária e imponente no centro. Aquele local lhe causava uma nostalgia dos 8 anos, dos 10, dos 13 ou 14, até mesmo dos 17 ou 18 anos; da vida inteira. A nostalgia se repete nos semblantes de todos que por ali passam. Aquele homem-símbolo cantando poesia eternamente, berra o passado sobre nossas cabeças, evoca os deuses da memória.
- Explique a minha paz!
Primavera! Perfume ao vento. As rosas dele sangravam quando colocava as mãos sobre o peito. Quem nunca amou? Ninguém vaga pelas praças da vida sem cheirar uma rosa e levar ao menos uma pétala consigo para guardar numa página cândida de seu livro biográfico. Mais feliz será aquele que escutar o poeta cantar o amor na praça do reencontro.


Caxias,
Junior Magrafil
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Lei A-R


Estou aqui, perdido em mim,
buscando entender o porquê.
Seu gosto é tão acre e tão doce;
teu rosto é perfeito-inexato.
Chego perto e já me vou,
quero te dar as mãos, mas permitir.
Tuas palavras são facas,
perfuram-me no bom e no mau,
unem teu sangue ao meu,
cortam meus pulsos, quando breve.
Mas, então, decido ir embora,
e na mesma hora, voltar.
Porque gravitamos por entre nós,
forçamos tão bela e perfeitamente
a lei da atração e repulsão;
uma seiva mor de tudo.
Tu me bates e eu te beijo,
eu te culpo e tu me indultas.
Somos arquétipo d’Coulomb:
desequilíbrio contrabalançado;
ir e recuar.
Somos donos um do outro,
euforicamente perto e longe,
catastroficamente amantes;
de nova em lua-cheia,
vemo-nos e vamos
como fosse
um adeus
sem sê-lo.


Caxias,
Junior Magrafil (19-05-2009)
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sexta-feira, 10 de julho de 2009


João e o pé-de-feijão


"Doce ou amargo,
triste ou engraçado,
faço meu pedido,
enterro uh feijão e logo nasce uh pé...
ele sobe, encontra uh gigante,
joga-me a galinha, a arpa, os ovos;
e desce...
eu não corto uh pé-de-feijão,
e depois desce uh gigante...
ele fica na terra, e nós subimos de novo...
ficamos para sempre na terra do gigante,
sobre as nuvens, escutando de longe
a música apaixonante da arpa..."


Caxias,
Junior Magrafil (indefinido)
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sábado, 4 de julho de 2009


No fim do mundo


Nesse fim de tarde escuro
Neblina que dói em meu peito
Fico todo sem jeito
No fim do mundo,
Distante de tua alma cara
De tudo o que me diz pra ir,
Pra ficar, e nunca mais partir
Desse teu peito ardente

E quanto menos eu quero
A semana perdura até o fim.
Quando estou ao teu lado
O relógio sorri de mim
E quando menos espero
À noite eu enlouqueço
O sono foge de mim,
Só penso em você, meu bem,
Até mesmo quando não penso

Nesse fim de noite escuro
Quando Morfeu me fez dormir,
Sonhei com nosso mundo;
Não, sério mesmo, me diz:
por que as pessoas legais
sempre moram longe?
Pra voltar, e nunca mais partir,
Pra esse teu peito ardente?
(pra esse teu peito ardente)
(pra esse teu peito ardente)

E quanto menos eu quero
A semana perdura até o fim.
Quando estou ao teu lado
O relógio sorri de mim
E quando menos espero
À noite eu enlouqueço
O sono foge de mim,
Só penso em você, meu bem,
Até mesmo quando não penso


Caxias,
Junior Magrafil (02-06-2009)
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Vi de longe Zé Dummont
Sentado num cimento alto,
Calçada que tomou pra si
Como casa, como abrigo sem abrigo.
Vi Zé Dummont
Comendo manga e desfiando a casca,
Molhando as mãos na mesma poça que pisava:
Parecia menino que não dava importância
Às regras da vida,
Da convivência humana
Ele ria sozinho, falava sozinho;
não sei, talvez pensasse com a natureza.
Dormia num colchão moribundo,
Usando roupas moribundas
Lambendo as mãos sujas de manga
– moribundas.
Mantendo o corpo arredio de limpeza
– e a mente.
Pedras eram móveis;
Latas, panelas nobres;
Cobertor, um rude aquecedor
Em dias de chuva intensa.
Sua natureza humana confundia-se
Com a realidade dos animais:
Os bois pastorando as cascas de manga
Comendo do que comia o Zé,
Bebendo do que bebia o Zé,
Andando por onde andava o Zé.


Junior Magrafil (14-01-2009)
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domingo, 24 de maio de 2009

JUNIOR MAGRAFIL fala sobre o Cinema em Caxias



"A seguir, o discurso sobre o cinema em Caxias, enviado por Jr. Magrafil para o Seminário Circuito em Construção para a Auto-sustentabilidade Cineclubista, em São Luis."
[...]


Fonte:
http://www.causthica.net
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SARAU UNIVERSITÁRIO



"Aconteceu, sexta-feira, dia 15/05/09, na praça Duque de Caxias, em frente ao CESC/UEMA, a primeira edição do Sarau Universitário Gritando Poesia. Informal e ainda tímido, contou com a participação de alguns estudantes – a maioria do curso de letras – que recitaram poemas, cantaram e dançaram."
[...]


Fonte:
http://www.causthica.net
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terça-feira, 19 de maio de 2009


A latrina, a lua e o escafandro


I

Interações visuais, depois sonoras,
faces desconhecidas, e, após na latrina,
regavam sotaques,
uniam lugares,
iniciavam sentidos, olhares, sensos;
provocavam confiança desconfiada,
e quando asseados,
trilhando o caminho em retorno
ao comunitário do sono,
conversando, conhecendo, concebendo;
concorrendo dermes e epidermes, entre ela;

II

Corria-me por dentro o sangue
com tal rapidez que as carnes
fervilhavam de êxtase, e, assim,
passamos a entender o que ocorria,
na verdade.

III

No silêncio ela dizia:
– Vão-te!
Então, apenas a lua fitava a situação,
somente aqueles pernilongos insanos,
num período hermético,
belo tom discreto de violoncelo,
comprido e rápido;
completo e partido; e logo,
novamente, voltando àquele local
onde ela sonhava,
partiam para um sentir unido
no plano coberto.

IV

Carícias: um quase coito maduro
e inocente e visual, somente,
ao mesmo tempo – presumido;
e nós, dispostos ali até depois,
o tempo ia-se casualmente
e mais um momento raiava.


V

Viam-se em parceria constante;
convenciam-se de que era adequado,
e desde a alvorada até o fim do crepúsculo
não lhes passava nada no leito das idéias
que não fosse o brioso encontro.

VI

Fui levemente domado contigo,
talvez por decência,
talvez por exaustão,
talvez, ou de certo, ainda,
que fosse porque teu sonho e teu sorriso
foram capazes de paralisar-me
e consumir-me aos poucos;
e nesse consumo
(consumação verdadeira dos fogos),
nossas carnes ardiam num atrito
que iniciava pelos lábios.

VII

Cortavam-se com transeuntes doentes,
tentando conhecer o que maldizem,
mas logo, voltavam à consumação
que só o que fazia era ascender;
o tato rastejava,
as mãos sussurravam por entre as vestes;

VIII

Os olhos projetavam cenas eróticas de amor:
um escafandro pessoal que apenas nós,
sendo um, naquele instante,
veríamos numa versão virginal.
Não suportando a força de tanta emoção contida,
transportamo-nos para o único lugar previsto nosso,
durante aquela ferveção de almas
altas e tortas e loucas e tontas,
e que só pôde conter as vestes por segundos;

IX

Lá, defronte a obstáculos humanos,
dispersos em leitos suspeitos de alçarem-se,
o encontro progredia numa clausura
não-cárcere, não-reclusão;
um ponto guardado apenas para eles
e seus desejos doentes
por legítima vontade e disposição.

X

Roçamos os lábios, fervemos o sangue,
cantamos os punhos e as bocas reciprocamente,
e, felizes, sorrimos;
depois, transformamo-nos num emocionante
jogo de encanto e encaixe,
levantando, suando, abaixando, molhando, soando,
elevando aos ares toda essa interação bucólica.

XI

Eram instrumento vivo da excitação,
escravos da dor boa,
convencidos a perpetuar até o fim:
a antiga e fogosa arte orgástica
resultante da atração e repulsão de corpos
quentes e úmidos.

XII

Nesse instante de pino,
entrelaçavam-se os abraços,
as bocas sussurravam palavras
e beijos amantes,
na intenção de guardá-los
no reflexo de seus olhos.


Caxias,
Junior Magrafil (14-04-2009)
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sábado, 16 de maio de 2009


A poça


Acabei de ver um passarinho.
Ele estava bebendo e pulando
numa poça d’água.
Devia estar com sede.
- Lógico? Lógico, não!
- Lógico por quê?
Ele não tinha sede!
Na verdade,
sede tem quem quer água
e não tem;
Sede tem quem vê água
e não pode beber.


Caxias,
Junior Magrafil (indefinido)
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O tempo chamado aurora


Foi um tempo chamado solidão,
que perdido por um tempo novo.
Nova vida, novo amor.
Imponderável: pequeno tempo grande.

É restrito tempo, sei, me comove;
mas extenso sentimento novo.
Toda a vida, a vida toda.
Irreparável: boa e repentina ilusão.

Corre tudo, peito dispara longe,
enquanto olho apressar teus passos.
Rouba o desalento, priva a saudade.
Imperdível: sinto em ti a flor.

Este tempo chamado aurora;
mocidade que veio restaurar a alma.
Certa vez, a toda hora.
Sempre: desejado olhar calmo.


Caxias,
Junior Magrafil (27-11-2007)
 

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